Estréia dia 03 de julho, às 19h00
Local: Centro Cineclubista de São Paulo
Rua: Augusta, 1.239 - Conj. 13 e 14
Tel. 11 - 3214.3906
 
Começamos com Santiago Álvarez e uma pequena mostra, com dois exemplares dos seus 1.493
"NOTICIERO ICAIC LATINOAMERICANO" .

"El Nuevo Tango";
"Cómo, por qué y para qué se asesina um general?
"De América soy hijo... y a ella me debo...", longa metragem praticamente inédito no Brasil, assim como os dois curtas.
Com legendas em português.
"Las piezas de la filmografía de Santiago Álvarez que recoge esta entrega, exemplares y comprometidas - el compromisso sin atenuantes fue su credo - muestran una escuela que enriqueció algo más que nuestra mirada, nuestra cosmovisión. En ella aprendimos una verdad martiniana que hoy sabemos irrecusable, recogida en uno de sus títulos: "De América soy hijo... y ella me debo...". Nos le enseñó em el mejor método, el de la eficacia artística, que cuando es sentida y acentrada no está reñida con la militancia".
 
Reynaldo Gonzalez
Premio Nacional de Literatura de Cuba
 
Após a sessão haverá debate com uma convidada especial
 
 
UM POUCO SOBRE SANTIAGO

"Não creio no cinema pré-concebido. Não creio no cinema para a posteridade. A natureza social do cinema demanda uma maior responsabilidade por parte do cineasta. É urgência do Terceiro Mundo. Essa impaciência criadora do artista, produzirá a arte dessa época, a arte da vida de dois terços da população mundial".
Santiago Alvarez in Cine Cubano, n. 54-55, 1969


Santiago Alvarez nasceu no dia 8 de março de 1919 em Habana Velha , Cuba. Estudou medicina durante dois anos e nunca terminou. Em 1938 foi para os EUA tentar fortuna e lá teve a vivência que o levaria para o cinema. Segundo ele: "foi uma grande lição e experiência de vida. Pude ver o que significava de verdade os EUA para mim, para o povo cubano e para o povo americano. Depois que voltei dos EUA, tornei-me comunista". A radicalização política de Santiago Alvarez foi o maior saldo de sua odisséia norte-americana. Ele mesmo chegaria a afirmar que se fez marxista-leninista nos EUA por volta de 1940.
Após seu regresso a Cuba, matriculou-se no curso livre de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Letras. Em seguida, junto aos companheiros Alfredo Guevara, Júlio Garcia Espinosa, Álvaro Alonso, Leo Brouwer, entre outros, fundou a Sociedade Cultural Nosso Tempo. Uma sociedade que, sem exagero, construiu o alicerce da política cultural da Revolução de 1959.
 
Santiago Alvarez estreou no cinema aos 40 anos de idade. Sua obra fílmica destaca-se de pronto por sua amplitude. Foram cerca de 600 cinejornais, 96 filmes e 3 vídeos, composto primordialmente de documentários mas também de títulos de ficção (Os refugiados na Cova do Morto) e de animação (Os Dragões de Ha-Long!).
 
Na obra de Santiago Alvarez é possível reconhecer, entre outros, o compromisso cinejornalístico revolucionário de Jorís Ivens e Roman Karmen, a ênfase na montagem e o recurso a intertítulos de Vertov, a combinação das mais variadas técnicas e materiais imagéticos de Cris Marker, a recusa à narração off e o experimentalismo sonoro de Peleshian. O estilo de Santiago Alvarez combina isso tudo e algo mais.
 
Na esfera visual, ele recorre sem qualquer hierarquização e pudor a tudo que tem a mão para ordenar seu discurso fílmico. A mesma estratégia se aplica a construção sonora e musical de seus filmes. No mais das vezes, os filmes de Santiago Alvarez articulam em sua banda musical trilhas especialmente compostas, música clássica, pop, canções de protesto, composições tipicamente nacionais e variantes em torno delas, repetindo em nível sonoro o aspecto de colagem do campo imagético.
 
"A razão para tanta inventividade é a necessidade" , reconhece o próprio cineasta, que confessa jamais escrever roteiros para seus documentários. Sendo que, segundo ele, o definitivo se dá na sala de montagem. O roteiro é produzido de verdade na sala de montagem.Para Alvarez, a realidade no cinema não se capta, mas sim se constrói: "Gosto mais do filme documentário, pois para mim a realidade é uma ficção constante. Gosto de filmar e elaborar, a mim me interessa registrar e participar dessa realidade".

Extraido do livro "O Olho da Revolução: O Cinema Urgente de Santiago Alvarez", de Amir Labaki (Editora Iluminuras, 1994).
 


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